segunda-feira, 2 de novembro de 2009

É atribuição do mandato, dizem congressistas

Folha de São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO

Senadores que enviaram pedidos à Petrobras disseram que o trabalho é parte do objetivo do mandato dos congressistas.
A empresa, em nota enviada à Folha, afirmou: "Os pleitos que envolvem ações de relacionamento da Petrobras com os seus públicos de interesse chegam à companhia por intermédio de todas as unidades espalhadas pelo país. Por isso, não há um sistema centralizado desses encaminhamentos, o que torna impossível produzir uma informação como esta [do total de pedidos de senadores] que foi solicitada".

José Sarney (PMDB), via assessoria, disse não ter informação sobre a sequência do ofício. "A exemplo de vários outros senadores, ele é procurado frequentemente por artistas pedindo apoio a seus projetos. O presidente do Senado não vai se pronunciar sobre a CPI".

Delcídio Amaral (PT), também pela assessoria, afirmou que as solicitações que encaminhou à Petrobras "são pleitos legítimos e institucionais de qualquer parlamentar. Minhas intervenções na CPI são baseadas em convicções próprias, pelo conhecimento que adquiri da empresa por eu ter, com muita honra, pertencido ao corpo diretivo da mesma".

Segundo Valdir Raupp (PMDB-RO), os pedidos são coisas corriqueiras. "De maneira nenhuma influenciam nos trabalhos da CPI. Acho que até me atenderam com um pedidozinho, depois disso um patrocínio para campeonato de motocross, cerca de R$ 50 mil ou R$ 100 mil." Sobre a CPI, disse que até o momento não se tem nenhuma conclusão para apresentar. "Acho que ela vai ser prorrogada por mais 60 dias".

Tucano

Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que o pedido para uma ONG de atendimento a crianças foi feito pela Prefeitura de Curitiba. "O pedido foi atendido. Quanto ao festival de jazz, foi negado." Sobre o trabalho na CPI, sua assessoria encaminhou um discurso feito por ele no plenário na semana passada: "A CPI tem sido uma frustração em razão da estratégia que se adotou para evitar que a transparência seja, acima de tudo, um objetivo alcançado".

Marcelo Crivella (PRB) afirmou que, apesar dos pedidos, nunca recebeu "nenhum patrocínio da Petrobras".

Osmar Dias (PDT) disse que todos os seus pedidos "foram para beneficiar a população do Estado". "Intercedi pela liberação de recursos para a construção do hospital porque a Petrobras é uma das grandes poluidoras do Estado. (...) Não se pode misturar pedidos claros e transparentes com processos desonestos e irregulares que motivaram a CPI."

Talento

Eduardo Suplicy (PT-SP) disse ser normal que pessoas da área cultural apresentem a ele projetos para diversas empresas públicas e privadas. "O fato de eu pedir pelo projeto não significa que vá ser aprovado, pois a empresa examina o mérito da proposta." Ele afirmou não ver problema em a Petrobras ter feito a listagem. "Todas as coisas que recomendei são projetos de talento."

Arthur Virgílio (PSDB) afirmou que o único filme para o qual lembra ter pedido patrocínio foi "Ônibus 174". "Porque o diretor, José Padilha, é meu amigo e conheço o talento dele", disse o tucano.

"O que leva a existir uma CPI da Petrobras não é o pedido que eu fiz, mas a coisa sistemática de ONGs assaltando a empresa para ter benefícios pessoais e eleitorais", completou ele.

Também afirmou que a Petrobras não precisa do levantamento dos pedidos porque "o governo inibe a investigação pela CPI com a maioria que possui no Congresso".

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