segunda-feira, 21 de setembro de 2009

CPI vê motivação ilícita em contratos da Petrobras com as ONGs

Senadores da CPI da Petrobras veem "motivação ilícita" no repasse, pela estatal, de R$ 609 milhões para entidades não governamentais ligadas a dirigentes do PT entre o ano passado e maio deste ano. Há suspeitas de favorecimento, por exemplo, no patrocínio de festas juninas em municípios da Bahia feito através de entidades gerenciadas por correligionários petistas.

Os senadores vão questionar os gerentes da área de Comunicação Institucional e de Publicidade sobre as razões de os recursos que financiaram festas de São João no estado terem sido intermediados por estas ONG's. Os parlamentares perguntam por que o dinheiro não foi enviado diretamente para os municípios.

"Não há dúvida de que as irregularidades existem. Os fatos estão aí para serem investigados", afirmou o senador Alvaro Dias (PSDB-PR). "Não podemos permitir que a CPI se torne numa CPI secreta. Vamos cumprir nosso papel de investigar", disse o tucano.

A CPI ouve amanhã Wilson Santarosa, gerente-executivo de Comunicação Institucional da Petrobras, além de Eliane Sarmento e Luis Fernando Maia Nery, respectivamente a gerente da área de Patrocínios e o gerente de Responsabilidade social da estatal.

Santarosa e Eliane Sarmento serão sabatinados sobre os indícios de irregularidades no repasse de R$ 1,4 milhão para a Aanor (Associação de Apoio e Assessoria a Organizações Sociais do Nordeste), entidade dirigida por Aldenira da Conceição Sena, vice-presidente do PT na Bahia e funcionária do gabinete da liderança do partido na Assembléia Legislativa do estado.

Foi a entidade que repassou dinheiro aos 26 municípios baianos para financiar as festas juninas locais. Desde 2005 a Petrobras mantém convênios com a Aanor. Num deles, a entidade obteve recursos para realizar o projeto "Buscando a Cidadania", um curso profissionalizante acusado de não ter formado um só estudante.

Os senadores também vão tentar obter detalhes da participação do assessor especial da presidência da Petrobras, Rosemberg Pinto, nas negociações de cotas de patrocínio da estatal para as prefeituras. Há suspeitas de que as empresas a serem contratadas pela prefeituras teriam que ser as indicadas por Rosemberg.

Produtoras

O pagamento de R$ 4 milhões a duas produtoras de video que trabalharam em campanhas petistas na Bahia também será investigado na sessão de amanhã da CPI da Petrobras. Os contratos foram feitos sem licitação e autorizados pelo ex-gerente de Comunicação da área de Abastecimento da estatal, Geovane de Morais.

As produtoras também filmaram festas como a de São João e o Carnaval na Bahia. Morais foi demitido mas a apuração sobre a irregularidade dos contratos não progrediu. A CPI recomeça nesta terça (22) a partir das 14h.