terça-feira, 1 de setembro de 2009

Após governadores, empresas também reclamam de royalty

Folha de São Paulo

Empresários querem participar da gestão do pré-sal, e não ser apenas investidores

A decisão de manter as compensações do jeito que funcionam hoje é uma ameaça à lucratividade das petrolíferas, segundo o IBP

SAMANTHA LIMA
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
DANIELE CARVALHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Na tentativa de satisfazer os governadores que não querem perder recursos, o governo acabou desagradando às empresas estrangeiras de petróleo. O IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo) avalia que manter essa regra num regime de partilha pode reduzir a lucratividade das petrolíferas.

Pela regra atual, as empresas ficam com o petróleo descoberto e pagam, entre outros tributos, royalties. Com a mudança, terão de entregar a maior parte do petróleo à União e, mesmo assim, pagarem royalties.

Esse modelo acabou criando mais um custo para as petrolíferas, no entendimento do presidente da entidade, João Carlos De Luca. Para ele, a medida representa transferir para o setor privado a resolução de um problema político.
"É preciso lembrar que a economicidade dos projetos tem de ser mantida em qualquer situação, para qualquer empresa, inclusive para a Petrobras. Para contemplar todo mundo, tem de lembrar que, no fim do dia, essa conta tem que fechar", disse, após a cerimônia de apresentação do marco regulatório.

Para De Luca, a decisão de nomear a Petrobras operadora única do pré-sal poderá esvaziar a indústria petrolífera brasileira. "As empresas vieram para o Brasil e montaram uma estrutura, um corpo técnico. Agora, o papel que passaram a ter será de meras investidoras. Para isso, não faz sentido ter toda a estrutura já criada. Não é bom para o setor ter apenas uma indústria, ele não se desenvolve assim".

O presidente da BG no Brasil, Armando Henriques, demonstrou preocupação com a forma como as sócias da Petrobras nos blocos do pré-sal participarão da gestão dos projetos. "Precisamos ver melhor a proposta e entender como será o processo decisório nos novos blocos", afirmou.

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