quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Fatos e argumentos insustentáveis

A defesa usada pelo gerente da Petrobras, Glauco Legatti, para tentar justificar o aumento dos custos da construção da refinaria Abreu e Lima (PE) em seu depoimento à CPI ontem, (25) teve o efeito contrário do planejado. Ao invés de dar sustentação às razões que levaram a triplicar o valor inicial da obra (que passou de US$ 4 bi para US$ 12,2 bi), o argumento acabou por aprofundar a impressão de que, nunca antes nesse país, um “projeto conceitual” sairá tão caro para uma estatal.

Segundo Legatti, gerente-geral de implementação de empreendimentos para a refinaria Abreu e Lima, a previsão inicial da Petrobras estava baseada num “projeto conceitual”, em outras palavras, em algo que não poderia oferecer segurança quanto ao volume de recursos que pode demandar. Ele disse ainda que o aumento nos preços dos produtos, correção cambial e a inclusão de novas unidades levaram ao reajuste de US$ 4bi para mais de US$ 12 bi, o que assombrou tanto os senadores que o interpelaram na CPI quanto a opinião pública.

O gerente também foi incapaz de dar argumentos consistentes quanto à descoberta, tardia, do volume de solo móvel encontrado na região, o que demandou muito mais trabalho, alterando totalmente o projeto inicial da obra. A informação de que a Petrobras errou na avaliação do volume do solo móvel levou o senador Sérgio Guerra (PSDB-CE) a uma constatação: “todo mundo sabe em Pernambuco que o solo daquela região tem mobilidade e todo mundo lá sabe que chove muito. Só a maior empresa do Brasil não sabia disso”.

Até agora, a CPI da Petrobras permanece diante de fatos duvidosos e alarmantes, sem que haja um argumento sólido que possa justificar, sem provocar preocupação aos seus acionistas, um aumento tão grande nos custos da refinaria. Os gerentes da companhia, chamados a depor a pedido do relator Romero Jucá (PMDB-RR), não conseguiram atenuar a impressão de que a obra no município de Ipojuca (PE) pode passar para a história como uma das maiores inapetências administrativas do governo Lula. E não como uma de suas maiores bandeiras.