sábado, 15 de agosto de 2009

Caso Dilma-Sarney: Oposição organizada para o depoimento de Lina Vieira

Os senadores de oposição vão trabalhar para dividir o depoimento da ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, marcado para a próxima terça (18), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em dois atos de igual importância.

O primeiro dos "objetivos essenciais" da convocação de Lina Vieira diz respeito ao inquérito administrativo que apurava a movimentação financeira de empresas da família Sarney. Para os parlamentares, é preciso saber quais informações os auditores estavam colhendo e qual a relação com o pedido feito pela ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, para que a ex-secretária "agilizasse" o processo.

A pergunta fundamental é: Dilma Rousseff mandou parar o inquérito?

O segundo ato será dedicado a saber da ex-secretária os detalhes da operação fiscal realizada pela Petrobras para deixar de recolher R$ 4,3 bilhões aos cofres públicos. Os senadores vão perguntar para Lina se há vínculo entre a descoberta da manobra e a sua exoneração, em 17 de julho. "O caso do artifício fiscal tornou-se um objetivo essencial dos que desejam ver esclarecidas as circunstâncias das irregularidades que atingem a Petrobras", diz o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), autor do requerimento que criou a CPI, em 13 de maio.

Em seu depoimento à CPI da Petrobras na terça-feira (11 ) , o recém-nomeado secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, afirmou que o tema "é controverso" dentro do órgão, referindo-se a mudança contábil adotada pela estatal em pleno exercício fiscal.

Acareação

Para Dias, conforme o desempenho afirmativo de Lina Vieira na CCJ, os desdobramentos do seu depoimento poderão levar a uma acareação entre ela e a ministra Dilma. "Sabemos que será difícil de obter isso, mas é possivel que seja imperioso requerer um encontro entre as duas", sustenta.

A ministra-chefe da Casa Civil tem negado a existência de uma reunião sigilosa entre ela e Lina Vieira ocorrida, segundo a ex-secretária, no final do ano passado. Entretanto, esta semana, novos personagens surgiram em torno do caso. De um lado, a chefe de gabinete de Lina, Iraneth Weiler e do outro, Erenice Guerra, secretária-executiva da Casa Civil.

Segundo Iraneth, Erenice procurou Lina numa visita "fora de agenda", quando ficou acertada a ida de Lina Vieira ao encontro de Dilma no Palácio do Planalto, também "fora de agenda".

Na tentativa de obter uma prova que acabe com a dúvida sobre quem está falando a verdade, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) pediu à Casa Civil da Presidência as imagens do circuito interno de TV do Palácio do Planalto . Ele também requisitou informações sobre a entrada e saída de automóveis no Planalto entre novembro e dezembro passado.

Candidatura

Perguntado se o "imbroglio" com a ex-secretária da Receita Federal poderia inviabilizar a candidatura de Dilma Rousseff, o senador Alvaro Dias afirmou preferir a ministra como adversária em 2010. "Vamos deixar para o eleitor a inviabilização da candidatura dela", disse.

Uma coisa é certa, a julgar por fatos recentes, a biografia da ministra Dilma e de sua assistente Erenice, são marcadas por desvios com a verdade. Dilma, por exemplo, em relação a seu curriculum, dizia que era mestre e doutora em economia. Coube a revista Piauí mostrar a verdade: ela não é mestre nem doutora, pelo menos em economia.

A ministra, assim como Erenice, também teve seu nome envolvido na elaboração de um dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua esposa, Ruth Cardoso, sobre o uso de cartões coorporativos.

Ambas negaram a autoria dos dossiês. Foi preciso uma CPI para comprovar que tudo havia sido construído em um computador da Casa Civil, sob os comando das duas. Lula não sabia de nada.